Friday, February 20, 2009

Olha a boca.

- Você, Cecília Martins, aceita Rogério Cardoso como seu legítimo...
- Meeeerrrrdaa!


O padre só não ficara mais abismado do que a bisavó da noiva, na primeira fileira, que deixou a dentadura se espatifar no chão de mármore da capela do Socorro, ao escutar tão profanas palavras da boca da doce Ceci.

- Olha a boca, menina! – gritara uma convidada.

A Síndrome de Tourette havia amenizado quando Cecília completara 25 anos. Agora, voltara a se manifestar nos momentos mais inconvenientes. Quis enfiar a cabeça num buraco, ao soltar um “Caralho” no batizado do filho de sua melhor amiga. No enterro de seu tio Jaiminho, teve um ataque dos bravos ao ver o presunto encaixotado e, constrangida, alternava desculpas e os mais grotescos palavrões já ouvidos. Parecia que quanto mais Cecília controlava, pior a coisa ficava.

Quem gostava desta história toda era o Rogério. Apaixonou-se imediatamente por Cecília no tribunal, quando esta respondia por desacato às autoridades. Na época, Cecília foi parada por excesso de velocidade mas a coisa desandou mesmo quando esta mandou o oficial tomar no cu. O juiz Rogério declarou Ceci inocente perante a lei e deliciosamente safada, em seus pensamentos mais pecaminosos. A partir daí, substitui as sessões de “Law & Oder” com sua mãe por maratonas intensas de sexo sujo com a aparentemente doce Ceci.

- Me chama de “Filho da puta”!
- FILHO DA PUTA!
- Ahhhhh Cecíliaaaaaaaa!
- FILHO DA PUTA! VEADO! DESGRAÇADO! BABACA! IMBECIL! IDIOTA! CANALHA! CAFAJESTE! PEDERASTA! CACHORRO! BURRO! IGNORANTE! BROCHA! BROCHA! BROCHA! BROCHA! BROCHA! BROCHA!

Friday, February 13, 2009

Fazendo o Jason mijar nas calças.

A sexta-feira 13 amanhece cinza e chuvosa em São Paulo. Apesar das forças sobrenaturais, que fazem com que o meu lençol se enrosque em meu corpo formando um casulo cada vez mais apertado, insistirem para que eu permaneça na cama, em silêncio e imóvel, luto e consigo me refugiar no banheiro. Os olhos ainda acostumam-se com a claridade da lâmpada fluorescente e tateio o mármore da pia em busca da escova de dentes. Mais uma vez, sou tomada por aquele espírito maligno que, desta vez, trava meus músculos fazendo com que a escova repouse entre minha gengiva e a parede de minha bochecha. Arregalo os olhos e um jato d'àgua é lançado em direção a meu rosto por aquela que antes segurava a escova possuída, na esperança de libertação. Borrifo o perfume (para me benzer), reclamo de meu cabelo, coloco as lentes de contato e agora sim, reclamo de meu cabelo com propriedade. Um barulho vindo do interior do quarto. Quase imperceptível, mas em uma sexta-feira 13, é importante ficar ligada. Procuro e encontro a origem. Minha blusa vermelha havia se soltado do cabide, pendurado no puxador do armário, lá no alto, e numa tentativa frustrada de esconder-se de mim e dificultar minha ida ao trabalho, a peguei em flagrante. Pensei em trocar de blusa, imaginando minotauros correndo em minha direção, atraídos pelo vermelho-sangue, mas já era tarde demais para escolhas. Passo por meu dócil cachorro que, ao escutar meus passos, desperta de seu sono profundo e de repente rosna, como se sentisse seres de outra dimensão acompanhando meu caminho. Já no ônibus, monstros equipados com malas, mochilas, sacolas, e bolsas imensas formam obstáculos para dificultar minha trajetória. Estou desarmada mas vou abrindo o caminho, perdendo minhas forças e conseguindo ultrapassar o portão para outro ambiente, desta vez com monstros mais civilizados. Percebo que um deles adormece ao som de algo que parece Enya, ecoando em seus ouvidos. Um descuido, um esbarrão com minha bolsa, e ele acorda. Posso sentir a fúria nos olhos do monstro de cabelo descolorido, agora em brasas, e saio de seu caminho. Chego ao meu destino, metrô. Assim que desço as escadas, sou surpreendida por uma bruxa tentando enfeitiçar-me com seus pães-de-mel. Eu vi Branca de Neve. Recuso no ato. Sigo caminho. Desvio dos tantos degraus de cimento e vou de escada rolante mesmo. Obviamente, obra do espírito controlador. na plataforma, paro atrás de um grupo de duendes sorridentes, um lobisomen de regata do Corinthians e logo sou esmagada por algumas vampiras que se aproximavam por trás (numvemnão que meto o crucifixo!). Uma minhoca gigantesca de ferro surge furiosa, em alta velocidade, da escuridão sombia do túnel e, ao abrir uma de suas dezenas de bocas, sou forçada a entrar pelas vampiras que apressadamente me empurram. A minhoca grita, a boca se fecha e ela continua a correr. Encontro abrigo em um banco que acabara de ser desocupado por um zumbi que provavelmente fora em busca de miolos em uma próxima parada. Sento correndo. A minhoca vomita alguns monstros e engole outros e em meio a tantos seres bizarros, o mais aterrorizador de todos para bem a minha frente: uma senhora enrugada, já corcunda com o peso de sua experiência e com as pernas marcadas pela bacia hidrográfica brasileira, trajando uma blusa fina de tricô de cor branca. O que há de tão terrível nisto? O frio, que evidenciou certas partes - que depois de anos, agora miravam o chão - do corpo velho daquela figura, assustando mais do que filme de terror. Eu, frente ao perigo e tendo o meu campo de visão prejudicado em virtude de tamanha aberração, cedi meu lugar mais do que depressa, com medo de ficar cega para sempre. Com um sorriso amarelo de dentes afiados, a velha agradeceu e esparramou toda a sua massa no banco, que ficara pequeno. Depois dessa, o Freddy Krueguer apertou minha mão e pediu aos prantos para que eu o levasse para longe deste pesadelo.

Monday, February 09, 2009

Hasta la vista, chicken.

Adubo nos olhos dos outros é refrescu.

O que a gente escuta de merda por aí não tá no gibi. Refiro-me ao palavrão, e não, necessariamente, à qualidade de conteúdo. Se bem que. Enfim. É “que merda” pra cá, “ô seu merda...” pra lá, “que merda é essa?” e suas infinitas possibilidades. E a merda fica com essa fama só por ter sido expelida quando o organismo não vê mais proveito nenhum na coitada. Usou, abusou, digeriu, absorveu, e agora só sobrou essa merda. Joga fora. E dá descarga. Mas eu estou falando essa merda toda porque o palavrão é supervalorizado. E se ele – o palavrão – existe com o propósito de representar algo muito ruim, porque não inovar? Os impostos, por exemplo. “Vai tomar no seu INSS, seu filho do IPTU”. Uma coisa feia, que aparentemente só é útil pra alguém que não deve ser a gente – ou você usa sua própria merda pra fertilizar o seu jardim?

Thursday, February 05, 2009

Caval(h)eiro das trevas.

Ai, que vontade de dar uma de Christian Bale pra cima de alguém...

Pra quem ainda não ouviu o Batman surtando geral no set de filmagem do Terminator 4, taí:

Tuesday, February 03, 2009

Comer, comer é o melhor para poder crescer. Pros lados.

Segunda começou a temporada nova de "Perder para ganhar", uma série do canal People+Arts em que "gordinhos", para ser bem delicada, mudam-se para um rancho habitado por 2 personal trainners masoquistas, a fim de emagrecerem e ganharem saúde. O maior perdedor, de kilos, é o ganhador do programa. Eu adoro. Assisto comendo sorvete, ainda por cima. Aliás, gosto de todos estes programas Extreme Makeovers, principalmente os referentes a peso. E olha que eu sou gorda. Me dá uma satisfação quase calórica ver outros gordinhos alcançarem um objetivo que eu estou tão longe de chegar (também, tomando sorvete...). Enfim, o programa sempre tem um "tema", por assim dizer, e é uma competição entre equipes. Já teve família contra família, casais de noivos contra outros noivos, etc. E um prêmio especial pra aquele (ou aqueles) que vencer a competição. No caso dos noivos, o grande prêmio foi um casamento com tudo pago - hm, esse prêmio vinha bem a calhar agora... - e, ao longo do programa e das provas, os noivos puderam ganhar outros prêmios, como, por exemplo, uma super chata lua-de-mel na Jamaica... Eu nem queria mesmo...!

Bom, eu fiquei cansada só de ver os coitados subindo um morro correndo. E impressionada quando, após a temida subidinha na balança depois de 10 dias de capim e tortura – só eu que acho que, só de subir naquelas balanças antigas de consultório médico, a gente fica mais... pesada? – cada um perdeu, no mínimo, uns 7 kilos. Tipo, 7 kilos em 10 dias. 7 kilos, caralho!?! Aí eu passei a odiar o programa. Porque eles não me convidam pra participar! Saco.

Tem outro programa um pouco mais dramático e not-so-fun assim, o “Medicina de Peso”. Esse passa no Discovery Home&Health e é basicamente sobre cirurgia bariátrica (redução do estômago). O programa foca mais no lado emocional das pessoas, no que desencadeou a compulsão alimentar etc. Também assisto pelo mesmo motivo: ver a transformação das pessoas.

Agora, um que eu se divirto horrores, é o “Você é o que você come”, com a nutricionista nazi Gillian McKeith, que passa na GNT. Imagina a cena. Você ta lá, com meio hot-dog pra fora da boca, e chega uma magrela na sua casa e coloca na mesa tudo – TU-DO! – que você come durante uma semana! O que era pra ser um banquete dos deuses, vira uma ceia from hell porque a moça coloca inclusive os baldes de óleo que você utiliza para preparar os alimentos, os litros de refrigerante, os kilos de açúcar... E está redondamente enganado – rá, a piadinha – quem pensa que ela pára por aí. O ponto alto é quando ela cheira o seu cocô – SIMMMM! – e diz que é o cocô mais fedido do mundo, que você está podre e que vai morrer em 5 anos. Hardcore, huh?! Eu digo que é o jeito que funciona pra cair na real.

Não sou nenhuma autoridade no assunto, mesmo porque, é provável que eu esteja digitando estas palavras ao lado de um x-salada e, lhes garanto, ele não está aqui apenas me fazendo companhia, mas eu sei o que é certo. Bom, acho que a maioria das pessoas sabe, sejam elas gordinhas ou não. O difícil mesmo é criar uma atitude a respeito.

Se me perguntarem desde quando eu faço dietas e exercícios, não saberia dizer. Nasci de 8 meses, cabia numa caixa de sapato e usei a maioria dos meus macacões de veludo com pezinhos por muuuuito mais tempo do que o normal, simplesmente porque quando comecei a usá-los, faltava dois palmos para preenchê-los totalmente. E aí a vida dá uma viravolta e eu pareço um bujãozinho de gás com vestidos floridos?! Maldita ironia, castigo dos deuses por ter saído antes da hora. Damn!

Fato é que eu começo e recomeço dietas a minha vida inteira. E eu sei que eu falei que 2009 ia ser o ano definitivo pra ficar com corpinho à la Victoria’s Secret Model e fugir do estilo Homem de Marshmallow Stay Puft dos Caça-fantasmas ao usar meu vestido de noiva. Mas o ano só começa depois do Carnaval... num começa??!!

E o que falar da teoria da conspiração de eu-começo-minha-dieta-na-segunda-vou-deitar-e-rolar-no-chocolate-no-final-de-semana, huh? TODOS estes programas passam às segundas-feiras... seria um SE-TOCA-AE-GORDENHA pra começar a semana fazendo dieta, seria?! Hm... nah, muito óbvio.